sábado, 28 de maio de 2016

O ROSTO DA MISERICÓRDIA

Queridos irmãos e irmãs

Depois do Tempo Pascal e das grandes festividades que já celebramos: Ascensão, Pentecostes, Ssma. Trindade, Corpus Christi, só resta a do Sagrado Coração de Jesus e a festa querida de 31 de Maio, onde todos os devotos de Maria Santíssima que a honraram com suas preces neste mês de Maio, a coroam com muita alegria. Também no Carmelo costumamos coroá-la.

Mas hoje gostaria de partilhar convosco uma página do livro que estamos lendo: O rosto da Misericórdia, do Fr. Raniero Cantalamessa, o qual recomendo a leitura, principalmente neste ano que estamos vivenciando o Ano da Misericórdia.

"O Pai não é só pai do Filho e fonte do Espírito, é também o criador do universo, em cujo comando colocou o homem. Com este entrou numa relação livre de amor e de comunhão à imagem da relação que tem com o Filho. Nesta relação Ele entra com toda a Sua glória e com todo o Seu amor. A ligação pois, que o Pai tem com o universo, envolve-O no seu íntimo com toda a sua personalidade.É nesta relação que se insere o sofrimento...........O sofrimento pela recusa do homem em se deixar envolver pelo seu amor e pela sua santidade..........

Leia-se Jr 31,20: "Porventura Efraim não e o meu filho predileto? Acaso não é um filho querido?Quanto mais o repreendo, mais Me lembro dele. Por isso, as minhas entranhas comovem-se, e Eu terei compaixão dele"

.........É como se Deus aceitasse sofrer Ele próprio as consequências do pecado do seu povo, antevendo o que irá acontecer de fato sobre a cruz.

.........Um homem nas mesmas circunstâncias poderia desafogar o ardor da sua ira e normalmente é assim que faz, mas Deus não, porque Ele é "Santo", é diferente; se também nós somos infiéis, Ele é fiel, porque não Se pode negar a Si mesmo (Os 11,8-9 e 2Tm 2,13).
Perante as criaturas humanas, Deus encontra -Se despojado de toda a capacidade não apenas constritiva, mas também defensiva. Se os seres humanos escolherem impedir o seu ato de amor como seu criador, Ele não poderá intervir como autoridade para Se impor a eles. Não poderá fazer outra coisa senão respeitar, em medida infinita, a livre escolha dos homens. Embora os possa rejeitar ou eliminar, Ele deixa-los-a agir e não Se defenderá. Ou melhor, a Sua maneira de Se defender é de defender os homens contra o seu próprio aniquilamento será amar ainda mais e sempre, eternamente.
Esta é na verdade a piscina, ou melhor, o abismo do mistério que se abre diante de nós. Só nos resta lançar-nos para dentro dela cheios de admiração e de gratidão. (ler Jo 5, 1 ss). 

(Somos nós esse paralítico que precisa ser lançado nas águas da Misericórdia divina, para sermos curados de nossos males).

Uma boa semana a todos.

sábado, 7 de maio de 2016

"MÃE" SEGUNDO O PAPA FRANCISCO

Queridos irmãos e irmãs

Amanhã celebraremos a Ascensão do Senhor, uma comemoração muito importante para a Igreja e para cada cristão: Jesus, com seu braço forte, levá-nos consigo para com Ele, permanecermos à direito do Pai. Leva-nos consigo e traz do céu para estar conosco o Santo Espírito que celebraremos na próxima semana.

Mas é também o dia que no Brasil se celebra o DIA DA MÃE

Gostaria de partilhar convosco as palavras que o Papa Francisco dirigiu às mães na catequese de 7 de janeiro de 2015. Talvez muitos já a tenham lido, mas vale a pena ler novamente:

"Continuamos com as catequeses sobre família e na família há a mãe. 
Cada pessoa humana deve a vida a uma mãe e quase sempre deve a ela muito da própria existência sucessiva, da formação humana e espiritual.
 A mãe, porém, mesmo sendo muito exaltada do ponto de vista simbólico – tantas poesias, tantas coisas belas se dizem poeticamente da mãe – é pouco escutada e pouco ajudada na vida cotidiana, pouco considerada no seu papel central da sociedade. Antes, muitas vezes se aproveita da disponibilidade das mães a sacrificar-se pelos filhos para “economizar” nas despesas sociais.
Acontece que, mesmo na comunidade cristã, a mãe nem sempre é valorizada, é pouco ouvida.
 No entanto, no centro da vida da Igreja está a Mãe de Jesus.
 Talvez as mães, prontas a tantos sacrifícios pelos próprios filhos, e não raro também por aqueles de outros, deveriam encontrar mais escuta. Precisaria compreender mais a luta cotidiana delas para serem eficientes no trabalho e atentas e afetuosas na família; precisaria entender melhor o que elas aspiram para exprimir os frutos melhores e autênticos da sua emancipação. Uma mãe com os filhos sempre tem problemas, sempre trabalho. Em me lembro de casa, éramos cinco filhos e enquanto um fazia uma coisa outro fazia outra, o outro pensava em fazer outra e a pobre mãe ia de um lado a outro, mas era feliz, Deu tanto a nós.
As mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. “Indivíduo” quer dizer “que não se pode dividir”. As mães, em vez disso, se “dividem” a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer. São essas, as mães, a odiar mais a guerra, que mata os seus filhos. 
Tantas vezes pensei naquelas mães quando recebem a carta: “Digo-lhe que o seu filho morreu em defesa da pátria…”. Pobres mulheres! Como uma mãe sofre! São essas a testemunhar a beleza da vida.
 O arcebispo Oscar Arnulfo Romero dizia que as mães vivem um “martírio materno”. Na homilia pelo funeral de um padre assassinato pelos esquadrões da morte, ele disse, repetindo o Concílio Vaticano II: “Todos devemos estar dispostos a morrer pela nossa fé, mesmo se o Senhor não nos concede esta honra… Dar a vida não significa somente ser morto; dar a vida, ter espírito de martírio, é dar no dever, no silêncio, na oração, no cumprimento honesto do dever; naquele silêncio da vida cotidiana; dar a vida pouco a pouco? Sim, como a dá uma mãe que, sem temor, com a simplicidade do martírio materno, concebe no seu seio um filho, dá à luz a ele,  amamenta-o, fá-lo crescer e cuida dele com carinho. É dar a vida. É martírio”.
 Termino aqui a citação. Sim, ser mãe não significa somente colocar no mundo um filho, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe, qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha de dar a vida. E isto é grande, isto é belo.
Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral.
 As mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende, é inscrito no valor da fé na vida de um ser humano. 
É uma mensagem que as mães que acreditam sabem transmitir sem tantas explicações: estas chegarão depois, mas a semente da fé está naqueles primeiros, preciosíssimos momentos. Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo.
 E a Igreja é mãe, com tudo isso, é nossa mãe! Nós não somos órfãos, temos uma mãe! Nossa Senhora, a mãe Igreja e a nossa mãe. Não somos órfãos, somos filhos da Igreja, somos filhos de Nossa Senhora e somos filhos das nossas mães.
Queridas mães, obrigado, obrigado por aquilo que vocês são na família e por aquilo que dão à Igreja e ao mundo.
 E a ti, amada Igreja, obrigado por ser mãe. 
E a ti, Maria, mãe de Deus, obrigado por fazer-nos ver Jesus. E obrigado a todas as mães aqui presentes: saudamos vocês com um aplauso!"

Uma boa semana a todos!