Queridos irmãos e irmãs
Transmito hoje para vocês essa bela reflexão sobre o abandono da nossa vida nas mãos providentes de Deus.
NAS MÃOS DE DEUS’
“Sois o Senhor! Faz de mim o que for do Vosso agrado! (1Sm
3,18)
Na vida de cada criatura há sempre sofrimentos suficientes
para uma purificação radical, escolhidos e dispostos por Deus segundo as
necessidades e situações de cada um.
Infelizmente, poucos são os que se aproveitam deles, porque
poucos são os que sabem reconhecer neles a mão divina que os quer purificar.
Poucos se deixam conduzir por Deus, desfazer e refazer, segundo o Seu
beneplácito divino!
A maioria pretende chegar à união divina conforme seus
planos e pontos de vista.
“Meu filho, (adverte o Espírito Santo em Eclo 2, 1.4.6) – se
entrares para o serviço de Deus, prepara-te para a tentação. Aceita tudo o que te enviar, e nas tuas dolorosas vicissitudes, tem paciência...Confia n’Ele e te
protegerá, anda no reto caminho e espera n’Ele”.
Nunca nos persuadiremos demais de que a “via reta”, para
chegar a Deus e à santidade, é o que é fixado pelo próprio Deus e não o
escolhido segundo o nosso modo de ver. Ou o homem se santifica segundo o
critério de Deus ou jamais se santificará. Ou se deixa levar por Ele, ou jamais
alcançará a meta.
“Há muitos que desejam passar adiante e muito continuamente
pedem a Deus os traga e conduza a este estado de perfeição (união com Deus).
Mas quando Deus quer começar a levá-los pelos primeiros trabalhos e
mortificações conforme para isso é necessário, não aceitam sofrê-los e furtam o
corpo, fugindo do caminho estreito da vida para buscarem a via larga do seu
próprio consolo” (S.João da Cruz, Chama 2,27). Preferem caminhar a seu modo e
Deus, que não violenta a liberdade humana, deixa-os na mediocridade.
Nas situações penosas da vida – incompreensões, insucessos,
infortúnios, ambientes difíceis – fujamos da tentação de raciocinar se são
justa ou injustas, de atribuí-las à malícia de outrem, ou indagar os motivos.
Ao contrário: havemos de, com o puro olhar da fé, ver em tudo a mão de Deus,
que prova sua criatura para purificá-la.
Pela profunda fé, Jó, ao anúncio da perda dos bens e dos
filhos “cai por terra em adoração dizendo: O Senhor o deu, o Senhor o tirou,
bendito seja o nome do Senhor” (Jo, 1,20-21).
Também mais tarde, entre trevas e angústias, ao se lamentar,
protestando sua inocência, reconhecerá pela fé que Deus, permitindo, embora,
sofrimentos inexplicáveis, é sempre justo e sábio e não é lícito ao homem
indagar a conduta divina: “Não é Deus homem como eu, com quem eu possa discutir”
(Jo, 9,32).
Cessará enfim a prova, quando se abandonar aos misteriosos
desígnios de Deus, renunciando a todo o raciocínio e defesa pessoal.
Motivos mais altos tem ainda o cristão para se entregar a
Deus na hora da provação! Sabe que Deus é seu Criador e tem todos os direitos
sobre ele. Sabe também que Deus é Pai e, que o prova, não para atormentá-lo,
mas sim para purificá-lo, santificar. Sabe que Deus se fez seu irmão e que, ao
assumir a carne humana, quis padecer para expiar em Si todas as misérias
humanas, e fez da dor o sacramento da Redenção.
Fixando o olhar em Cristo que sofre inocente, compreende o
cristão quanta necessidade tem de participar dos Seus padecimentos, pois, como
pecador, só assim, reconquistará a inocência perdida, a pureza perfeita.
Além disso, sustenta-o invencível esperança porque “os
sofrimentos do tempo presente não tem proporção alguma com a glória que há de
revelar-se em nós” (Rom 8,18).
FELIZ SEMANA A TODOS!