sexta-feira, 10 de março de 2017

HONRAI A SÃO JOSÉ!


Queridos irmãos e irmãs

No Carmelo, o mês de março é todo dedicado a São José. Em cada um dos 30 dias do mês, fazemos uma pequena reflexão sobre São José e escolhemos um pensamento que leve a praticar alguma das suas virtudes.

Porque o Carmelo tem tanta devoção a São José?

Penso que quem tem culpa é a nossa santa fundadora Santa Teresa de Jesus que adquiriu uma grande devoção a São José, e como foi miraculada graças a ele, espalhou no Carmelo, em seus livros e junto às pessoas suas conhecidas essa grande devoção que aumentou na Igreja o fervor e a devoção a São José. A ele dedicou o seu primeiro mosteiro: São José de Ávila, e muitos outros tem São José como patrono. Mas vamos ver alguma coisa do que ela escreveu sobre ele: No Livro da Vida, capítulo 6, v. 6-8:

“Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que, tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e Senhor meu me tirou com maior bem do que eu sabia pedir. Não me recordo até agora de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer. É coisa de espantar as grandes graças que Deus me tem feito por meio deste bem-aventurado Santo e dos perigos de que me tem livrado tanto no corpo como na alma.
A outros santos parece ter dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; desse glorioso Santo tenho experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender que assim como lhe foi sujeito na terra – pois como tinha nome de pai, embora sendo adotivo, O podia mandar – assim no Céu faz tudo quanto Lhe pede. Isto têm visto, por experiência, algumas outras pessoas, aquém eu dizia para se encomendarem a ele. E assim há muitas que lhe são devotas, experimentando de novo esta verdade.

...........Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe preste particulares obséquios, que a não veja mais aproveitada na virtude; porque ajuda de grande modo às almas que a ele se encomendam. Parece-me que há alguns anos que, cada ano, no seu dia, lhe peço uma coisa e sempre a vejo realizada; se o pedido não sai bem feito ele o endireita para maior bem meu.

Se eu fora pessoa que tivesse autoridade para escrever, de boa vontade me alongaria a dizer muito por miúdo as graças que este glorioso Santo me tem feito a mim e a outras pessoas. Mas, para não fazer mais do que me mandaram, em muitas coisas, serei mais breve do que quisera. ...Só peço, por amor de Deus, que faça a prova quem não me acreditar e verá por experiência o grande bem que é o encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção. Em especial as pessoas de oração sempre lhe haviam de ser afeiçoadas.

É que não se como se pode pensar na Rainha dos Anjos – no tempo em que tanto passou com o Menino Jesus – sem que se dê graças a São José pelo muito que então Os ajudou. Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome a este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho.”

Lendo este trecho da Santa Madre quem não ficará devota de São José? Faça a experiência e depois nos conte.

Aqui vai também uns escritos de uma carmelita deste Carmelo sobre esse nosso querido Pai:

“Maria, fala-me de José!
Filhinha, o que o Evangelho aplica a mim, aplica-o tu a José!
Se eu disse SIM, ele também!
Se eu obedeci, ele também!
Se ao meu Deus engrandeci, ele o fez junto comigo!
Se muito pouco eu falei, menos ainda ele o fez!
Se muito sofri e chorei, lágrimas dele eu enxuguei!
Se eu me afligi...ele também!
Se me chamam de “Feliz”, chamem a ele também!
                    “Jesus, mostra-me José!
                 Filha, quem me vê, vê José.
               Vês meu coração manso e humilde? Assim era o de José!
            Vês minha oração frequente e simples? Assim era a de José!
          Vês minha vida, servindo sempre? Assim era a de José!
        Como ele trabalhava...assim trabalho Eu!
    Como ele protegia, ensinava, guiava, assim tenho feito Eu!
                                                               Quem me vê, vê José!


domingo, 5 de março de 2017

QUE EXEMPLOS ENCONTRO NO CRUCIFICADO?

Queridos irmãos e irmãs, neste 1º domingo da Quaresma, partilho com vocês este belo texto de S. Tomás de Aquino tirado do livro Exposição sobre o Credo:

“Como disse Santo Agostinho: A Paixão de Cristo é suficiente para ser o modelo de toda a nossa vida. Quem quer que queira ser perfeito na vida, nada mais é necessário fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ele desejou”.

Nenhum exemplo de virtude deixa de estar presente na Cruz. Se nela buscas um exemplo de caridade, -“ ninguém tem maior caridade do que aquele que dá sua vida pelos amigos” (Jo, 15,15). Ora, foi o que Cristo fez na cruz.

Por isso, já que Cristo entregou a sua vida por nós, não nos deve ser pesado suportar toda espécie de males por amor a Ele.: “O que retribuirei ao Senhor, por todas as coisas que Ele me deu?” ( Sl 115,12).

Se procuras na cruz um exemplo de paciência, nela encontrarás imensa paciência. A paciência manifesta-se extraordinária de dois modos: ou quando alguém suporta grandes males pacientemente, ou quando suporta aquilo que poderia ser evitado e não quis evitar.
Cristo na cruz suportou grandes sofrimentos: “Ó vós  todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual a minha!” (Lm 1,12); como a ovelha levada para o matadouro, e como o cordeiro silencioso na tosquia (1Pd 2,23).

Cristo na Cruz suportou também os males que poderia ter evitado, mas não os evitou: “julgai que não posso rogar a meu Pai e que Ele logo não me envie mais que doze legiões de Anjos?” (Mt 26,53)
Realmente a paciência de Cristo na cruz foi imensa! “Corramos com paciência para o combate que nos espera, com os olhos fitos em Jesus, o autor da nossa fé, que a levará ao termo; Ele que, lhe tendo sido oferecida a alegria, suportou a cruz sem levar em consideração a sua humilhação” (Hb 36,17)

Se desejares ver na cruz um exemplo de humildade, basta-te olhar para o crucifixo. Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer: “A vossa causa, Senhor, foi julgada como a de um ímpio” (Jo 36,17). Sim, de um ímpio, porque disseram: Condenemo-lo a uma morte muito vergonhosa (Sb2,20).

O Senhor quis morrer pelo seu servo, e Aquele que dá a vida aos Anjos, pelo homem: Fez-se obediente até à morte” (Fl 2,8)
Se queres na cruz um exemplo de obediência, segue Aquele que se fez obediente ao Pai, até a morte: “Assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, também pela obediência de um só homem, muitos se tornaram justos” (Rm 5,19).

Se na cruz estás procurando um exemplo de desprezo das coisas terrenas, segue Àquele que é o Rei e o Senhor dos Senhores, no qual estão os tesouros da sabedoria, mas que na cruz aparece nu, ridicularizado, escarrado, flagelado, coroado de espinhos, na  sede saciado com fel e vinagre, e morto.

Não te deves apegar às vestes e às riquezas, porque dividiram entre si as minhas vestes (Sl 29,29); nem às honras, porque puseram em minha cabeça uma coroa de espinhos que trançaram; nem às delícias, porque na minha sede deram-me vinagre para beber (Sl 68,22).


Comentando este texto da Carta aos Hebreus – “Que apesar de lhe oferecerem alegria, suportou a cruz, desprezando a humilhação dela” (!2,2), Agostinho nos diz: “O homem, Cristo Jesus, desprezou todos os bens terrenos para mostrar que devem ser desprezados.”

Uma Santa Quaresma a todos!