sábado, 26 de setembro de 2015

CARTA DE SANTA TERESINHA À SUA IRMÃ MARIA DO SAGRADO CORAÇÃO





Queridos irmãos e irmãs

Como estamos na semana em que nos preparamos para a Festa de Santa Teresinha, na próxima quinta-feira, pensei em partilhar convosco um trecho da carta de Santa Teresinha à sua Irmã Maria do Sagrado Coração (Manuscrito B) na qual fala sobre a descoberta da sua vocação: O AMOR. Vejamos:

“Jesus+
Ó minha querida Irmã! Pedis-me que vos dê uma lembrança do meu retiro, retiro que será talvez o derradeiro...Dada a permissão de nossa madre, é para mim uma alegria vir entreter-me convosco, que sois duas vezes minha irmã, convosco que me emprestastes vossa voz, prometendo em meu nome que não quereria servir senão a Jesus, no momento que não podia falar de própria boca...Boa e querida Madrinha, quem vos fala esta noite é a criança que oferecestes ao Senhor, é aquela que vos ama como uma filha sabe amar sua mãe...Só no Céu conhecereis toda a gratidão que me transborda do coração...Ó minha Irmã querida! Gostaríeis de escutar os segredos que Jesus confia à vossa filhinha? Tais segredos, eu o sei, ele vo-los confia, pois sois quem me ensinou a recolher os ensinamentos divinos. Tentarei todavia, balbuciar algumas palavras, embora sinta ser impossível para a linguagem humana, reproduzir coisas que o coração mal pode pressentir...

Não creiais que esteja a nadar em consolações. Oh! Não! Minha consolação é não ter nenhuma na terra. Sem s mostrar, sem fazer ouvir sua voz, Jesus instruiu-me em segredo, e não foi por meio de livros, porquanto não entendo o que leio. Às vezes, porém, alguma palavra me consola, como esta que colhi ao acaso no final da oração (depois de sentir-me largada no silêncio e na secura): “Eis o mestre que te dou! Ensinar-te-á tudo o que deves fazer. Quero levar-te a ler no livro da vida, onde se contem a ciência do Amor” (palavras de Nosso Senhor à Santa Margarida Maria).

Ciência do amor, oh! Sim, tal palavra ressoa suavemente ao ouvido de minha alma. Não desejo outra ciência senão esta. Depois de dar por ela todas as minhas riquezas, acho, como a esposa dos Cantares, que não dei nada (Ct 8.7)...Compreendo perfeitamente, que só o amor nos pode tornar agradáveis ao Bom Deus, sendo esse amor o único bem que ambiciono. Jesus se compraz em apontar-me o único caminho que conduz a essa fornalha divina. O caminho é o abandono da criancinha que adormece sem temor nos braços de seu pai...”Todo aquele que é pequenino, venha a mim” (Pr 9,4), disse o Espírito Santo por boca de Salomão, e o mesmo Espírito de Amor declarou ainda que “com os pequeninos se usará de misericórdia” (Sb6,7).

Em seu nome revela-nos o profeta Isaías que, no último dia, “o Senhor conduzirá seu rebanho às pastagens, reunirá os cordeirinhos e os aconchegará contra o peito” (Is 40,11). E como se todas estas promessas não bastassem, o mesmo profeta cujo olhar inspirado já se embebia nas profundezas da eternidade, apregoa em nome do Senhor: “Como uma mãe acaricia seu filhinho, assim vos consolarei, carregar-vos-ei ao peito, acariciar-vos-ei no regaço” ((Is 66,13,12).

Ó querida Madrinha! Diante de tal linguagem, nada se pode fazer senão emudecer e chorar de gratidão e amor...Oh! se todas as almas débeis e imperfeitas sentissem o que sente a mais pequena de todas as almas, a alma de vossa Teresinha, nenhuma delas se desesperaria de atingir o cume da montanha do amor, visto que Jesus não exige grandes feitos, mas unicamente o abandono e a gratidão, pois declarou no Salmo 49: “Não tenho precisão dos bodes de vossos rebanhos, porque todas as feras das selvas me pertencem, os milhares de animais que vivem nos montes. Conheço todas as aves das montanhas...Se tiver fome, não será a ti que o direi, porque minha é a terra e tudo que nela se contem. Serei, por acaso, obrigado a comer carne de touros e a beber sangue de cabritos? Imolai a Deus sacrifícios de Louvor e de Ações de Graças”. Eis tudo o que Jesus exige de nós.”

Paremos por aqui pois já há muito que meditar. Na próxima semana continuamos a carta.



Uma boa semana a todos.

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