Queridos irmãos e irmãs
A Paz de Cristo Ressuscitado!
Hoje quero partilhar com vocês o que o Santo Padre João Paulo II disse às monjas contemplativas na sua visita a Romania, em 1986.
O que é que a vida contemplativa dá à Igreja e à
sociedade? A pergunta pode ser proposta de outra maneira: O que é que a Igreja
e a Sociedade esperam das monjas de clausura?
O segredo da vossa vida está escondido no segredo do
Cristo. Como Ele, vós sois consagradas ao amor e à glória do Pai. Para
responder a este desígnio, vós olhais constantemente Aquele que foi
crucificado, vós vos cercais de silencio na solidão, viveis na oração, vos
nutris de penitência (Perfectae caritatis,7). Radicada em Cristo e conformada a
Ele, Cordeiro imolado, a vossa vida é testemunho do seguimento de Jesus, dom de
amor e sacrifício de louvor.
Eis diletas Irmãs, aquilo que de vós espera a Igreja e a
humanidade: que sejais fermento do interior, portadora de calores essenciais,
sinais visíveis de Deus no mundo.
Por isto o Concílio Vaticano II reconhece ser uma parte
determinante a vida contemplativa na edificação do Reino de Deus (Ad Gentes
18). Indica-lhe, outrossim, um lugar bastante elevado no Corpo Místico de
Cristo (P.C.,7).
A fim de corresponder a esta sublime vocação, vos
coloca “no coração da Igreja” (Venite Seorsum III), uma só coisa vos é
solicitada: que vos ocupeis unicamente de Deus (Perf.Car.7), testemunhar o
primado do amor, doando-vos a Deus sumamente amado (L.G.44). E aqui reside a
eficácia da vossa presença, a força da vossa atividade apostólica: na
radicalidade evangélica da vossa própria vida. Também quando em vossos
mosteiros ofereceis aos fiéis a possibilidade de orar ou de se recolher, estes
devem sentir-se um sinal visível da presença de Deus.
Exigente e forte é o preceito de São Bento: “Nada antepor
a Cristo” (Regra 72) a fim de que se progrida com o coração dilatado pela fé e
depois, se corra impulsionados pela indizível suavidade do amor. Como é
incisivo e profundo Santo Agostinho, quando apresenta a caridade como força de
assimilação, pela qual somos aquilo que amamos: “estando na terra já está nos céu,
se amas a Deus” e “amando habitamos com
o coração naquilo que amamos”. E como é intenso e exclusivo o que sugere Santa
Clara: “Alegra-te no Senhor, sempre. Não permitir que alguma sombra de tristeza
envolva o coração. Coloca o teu coração naquele que é a figura da substância e
transforma-te inteiramente por meio da contemplação”.
São Domingos, como podemos ler na História dos Pregadores
“pedia a Deus uma caridade ardente e desejava ser flagelado, feito em pedaços e
morrer pela fé de Cristo”.
E Santa Teresa, mulher forte e amorosa, sem incertezas,
diz a si mesma e às filhas: “Caminhemos juntos, Senhor: seguirei por onde
fordes, e por toda a parte por onde passardes, passarei eu também (CP 26).
Sabei que as vossas preces e à vossa santidade de vida é
confiada, de modo particular, esta generosa terra para a qual tendes deveres e
responsabilidade. Com a força da oração contribuí para sustentar a Igreja local
e alegrai-a com os frutos da fé amorosa. Sois chamadas a testemunhar aqui o
primado da caridade de Deus. Como é sabido, testemunha significa mártir, e a
Igreja é fiel ao martírio, no testemunho. Deveis sentir-vos, vós também,
participantes desta missão, sobretudo quando a solidão ou a aridez, ou a
sensação de inutilidade vos fazem sofrer.
Diletas irmãs, eu vos confio à Virgem Maria; com Ela
sabereis ser assíduas e concordes na oração e vos enchereis de alegria e da
força da Ressurreição; com Ela, as vossas comunidades serão centros de fé, de
esperança, onde reina soberana a caridade, de tal modo que a vossa presença
grite ao mundo que vos rodeia que Deus vive, que Deus é amor, que Ele ainda
cativa os corações e que somente Ele dá valor a cada coisa. A Virgem Maria faça
viver Cristo em vós e por meio Dele vos torneis mães de almas”.
Uma boa semana a todos!
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