“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois Tu és o sentido do mundo
e de minha vida”
Queridos
irmãos e irmãs,
Neste 3º
domingo da Páscoa queria partilhar com vocês uma pagina do livro que estou
lendo “Introdução ao Cristianismo” composto pelo Papa Bento XVI quando ainda
era apenas Cardeal.
No capítulo
1 ele cita o teólogo Bonhoeffer: “...está na hora de parar de ver em Deus
aquele tapa-buraco colocado nos limites
de nossas possibilidades que só é chamado quando nós mesmos estamos numa
situação sem saída. Deveríamos encontrar Deus não no lugar das nossas
dificuldades e do nosso fracasso,mas no meio da plenitude das coisas terrenas e
da vida; só assim mostraríamos que Deus não é uma escapatória nascida das
nossas necessidades, que se torna supérflua à medida que se ampliam os limites
da nossa capacidade.”
Depois ele
continua: “Na história da luta humana em torno de Deus encontramos ambos os
caminhos, e ambos me parecem igualmente legítimos. Tanto as misérias da vida
humana como a sua plenitude remetem a Deus.
“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois Tu és o sentido do mundo
e de minha vida”
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Sempre que os homens experimentaram
a existência em sua plenitude, riqueza, beleza e grandeza, eles de deram conta
de que essa existência era uma existência pela qual deviam ser agradecidos,
pois justamente em sua claridade e grandeza não é uma existência que o ser
humano dá a si mesmo e sim uma dádiva que se adianta a mim, recebendo-me com a
sua bondade antes de qualquer iniciativa de minha parte e exigindo que eu dê
sentido a tamanha riqueza, para eu mesmo ganhar sentido.
Por outro lado, também
a carência e a pobreza sempre lembraram o ser humano de que havia um outro
totalmente diferente. A pergunta que o ser humano faz e que é ele próprio, o
seu inacabamento, a limitação que sente, apesar de ansiar pelo ilimitado (e que
encontra a sua expressão por exemplo na palavra de Nietzsche quando afirma que
todo prazer anseia por eternidade, mas se experimenta como efêmero), essa
sensação simultânea de confinamento e do desejo que procura o ilimitado e a
abertura, impediu o se humano de satisfazer-se consigo mesmo, dando-lhe a
sensação de que não se basta a si próprio, de que só consegue encontrar-se
passando além de si mesmo, movendo-se ao encontro do totalmente outro e infinitamente
maior.”
Depois ele passa
para o tema da “solidão”.
“A solidão é
certamente uma das raízes essenciais das quais brotou o encontro do ser humano
com Deus.
Quando o ser humano experimenta a solidão, percebe ao mesmo tempo o
quanto toda a sua existência é um grito pelo tu, e quão pouco ele é feito para
ser apenas um eu encerrado em si mesmo.
A solidão pode manifestar-se ao ser
humano em diversos graus de profundeza. Num primeiro momento, a solidão pode
ser vencida pelo encontro com um tu humano. Mas, depois, começa um processo
paradoxal que mostra, segundo as palavras de Claudel, que todo tu encontrado
pelo ser humano se revela, no final das contas, como uma promessa irrealizada e
irrealizável; porque todo tu é, no fundo, uma nova desilusão; chega-se, então
ao ponto em que encontro nenhum é capaz
de vencer a solidão derradeira: justamente o encontrar e o ter encontrado
voltam a remeter o ser humano à sua solidão, suscitando, finalmente, aquele
anseio pelo Tu absoluto que mergulha realmente nas profundezas do próprio eu.”
Para não vos
cansar, ficamos por aqui. É preciso saborear cada palavra para torná-la um
alimento para o nosso espírito.
Uma boa
semana a todos.