sábado, 18 de abril de 2015

AFINAL, O QUE QUER DIZER “DEUS”?



“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois Tu és o sentido do mundo e de minha vida”

Queridos irmãos e irmãs,

Neste 3º domingo da Páscoa queria partilhar com vocês uma pagina do livro que estou lendo “Introdução ao Cristianismo” composto pelo Papa Bento XVI quando ainda era apenas Cardeal.

No capítulo 1 ele cita o teólogo Bonhoeffer: “...está na hora de parar de ver em Deus aquele tapa-buraco colocado nos  limites de nossas possibilidades que só é chamado quando nós mesmos estamos numa situação sem saída. Deveríamos encontrar Deus não no lugar das nossas dificuldades e do nosso fracasso,mas no meio da plenitude das coisas terrenas e da vida; só assim mostraríamos que Deus não é uma escapatória nascida das nossas necessidades, que se torna supérflua à medida que se ampliam os limites da nossa capacidade.”

Depois ele continua: “Na história da luta humana em torno de Deus encontramos ambos os caminhos, e ambos me parecem igualmente legítimos. Tanto as misérias da vida humana como a sua plenitude remetem a Deus. 
“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois Tu és o sentido do mundo e de minha vida”

Sempre que os homens experimentaram a existência em sua plenitude, riqueza, beleza e grandeza, eles de deram conta de que essa existência era uma existência pela qual deviam ser agradecidos, pois justamente em sua claridade e grandeza não é uma existência que o ser humano dá a si mesmo e sim uma dádiva que se adianta a mim, recebendo-me com a sua bondade antes de qualquer iniciativa de minha parte e exigindo que eu dê sentido a tamanha riqueza, para eu mesmo ganhar sentido.

 Por outro lado, também a carência e a pobreza sempre lembraram o ser humano de que havia um outro totalmente diferente. A pergunta que o ser humano faz e que é ele próprio, o seu inacabamento, a limitação que sente, apesar de ansiar pelo ilimitado (e que encontra a sua expressão por exemplo na palavra de Nietzsche quando afirma que todo prazer anseia por eternidade, mas se experimenta como efêmero), essa sensação simultânea de confinamento e do desejo que procura o ilimitado e a abertura, impediu o se humano de satisfazer-se consigo mesmo, dando-lhe a sensação de que não se basta a si próprio, de que só consegue encontrar-se passando além de si mesmo, movendo-se ao encontro do totalmente outro e infinitamente maior.”

Depois ele passa para o tema da “solidão”.

“A solidão é certamente uma das raízes essenciais das quais brotou o encontro do ser humano com Deus. 

Quando o ser humano experimenta a solidão, percebe ao mesmo tempo o quanto toda a sua existência é um grito pelo tu, e quão pouco ele é feito para ser apenas um eu encerrado em si mesmo.

A solidão pode manifestar-se ao ser humano em diversos graus de profundeza. Num primeiro momento, a solidão pode ser vencida pelo encontro com um tu humano. Mas, depois, começa um processo paradoxal que mostra, segundo as palavras de Claudel, que todo tu encontrado pelo ser humano se revela, no final das contas, como uma promessa irrealizada e irrealizável; porque todo tu é, no fundo, uma nova desilusão; chega-se, então ao ponto em que  encontro nenhum é capaz de vencer a solidão derradeira: justamente o encontrar e o ter encontrado voltam a remeter o ser humano à sua solidão, suscitando, finalmente, aquele anseio pelo Tu absoluto que mergulha realmente nas profundezas do próprio eu.”

Para não vos cansar, ficamos por aqui. É preciso saborear cada palavra para torná-la um alimento para o nosso espírito.

Uma boa semana a todos.

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