O texto abaixo foi composto por Maria José Mariño (carmelita
missionária) e foi publicado na revista de Espiritualidade das Edições Carmelo.
Penso que é importante na situação que o mundo está vivendo agora – a pandemia
do coronavírus
“A alegria cristã não é um sucedâneo nem uma ideologia, mas
a profundidade humana de um acontecimento de graça. A nossa humanidade fala-nos
da procura da alegria e da felicidade porque somos seres chamados à Vida. A
partir daqui, a presença do Ressuscitado, a salvação que permeia a nossa
história, a vida em comunhão com Cristo e a esperança da vida ressuscitada na
plenitude dos tempos (o nosso tempo) são motivos de alegria que só podem ser
entendidos a partir da fé. Além disso, Cristo é a alegria de Deus em nós (Flp
4,4-6)
Falamos de uma alegria que tem múltiplas manifestações. É
paz, perseverança, esforço, esperança. É sentido, consolação, fortaleza na
luta, coragem no testemunho. É também compromisso, bondade, olhos abertos à
realidade, sensibilidade fraterna e samaritana. É perdão e reconciliação,
fidelidade, confiança e paciência. É resposta e missão, mesmo nas
circunstâncias mais dolorosas e sombrias........
As situações limite, pessoais ou histórico-sociais, podem
realmente ser a ocasião de uma nova experiência de Deus, porque são como
poucos, momentos em que tocamos a nossa necessidade de salvação. Por isso, são
também a oportunidade única de nos abrirmos à presença de Deus e da sua graça,
possibilidade de encontro a partir da consciência profunda da nossa própria
indigência. Agora a situação limite transfigura-se em fonte de alegria, alegria
crucificada...............
A presença salvífica de Deus não opera magicamente a mudança
da realidade que saiu ao nosso encontro na forma de uma situação limite, mas
transforma o coração do crente que a vive..............
Finalmente, devemos ter em conta que, frequentemente, a
situação limite acaba por seu o lugar do silêncio de Deus e, talvez também, de
protesto. As vezes tememos esse silêncio, ignorando que somente nele se pode
manifestar a ação do Espírito à margem dos nossos critérios e das nossas ações.
O silêncio de Deus é presença intensa, crisol de confiança e esperança do dom e
da sua alegria.
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