sábado, 30 de julho de 2016

CHAMADA PARA SER MONJA


Queridos irmãos e irmãs

No próximo domingo teremos no Carmelo um encontro com jovens vocacionadas, ou melhor que estão no processo de discernimento vocacional.

Pensando sobre o assunto se entrevistássemos cada sacerdote, religiosa ou consagrada sobre como foi o seu chamado à vida religiosa, sacerdotal ou de consagração à Deus, veríamos que cada um contaria uma história diferente.

Deus chama quem quer, onde quer e como quer, e não se repete.

Mas é belo ver a obra de Deus em cada alma que Ele chama e procura, antes mesmo desta alma começar a procurá-Lo.

Vamos ver resumidamente como foi o processo vocacional  da santa fundadora das Carmelitas Descalças – Santa Teresa de Jesus.

A gente encontra o relato de sua vocação no Livro da Vida, capítulos 3, 4...

Uma vez, refletindo sobre suas motivações vocacionais ela vê que eram um tanto egoístas:
- livrar-se do purgatório
- “Também tinha uma grande amiga em um outro mosteiro. Isto era motivo para se tivesse que ser freira, só o ser onde ela estava. Nisto olhava mais o gosto da minha sensibilidade e vaidade do que ao bem que me ia à alma” (V 3,2);
- Temia casar-se (V 3,2
-“Embora a minha vontade não acabava de se inclinar a ser freira, vi, no entanto, que era o melhor e mais seguro estado e assim, pouco a pouco determinei-me a forçar-me para o tomar”  (V 3,5)

Ela conta muitas outras coisas:

Quando seu pai a colocou no mosteiro das Agostinianas para estudar, ali ficou um ano e meio e diz ela que melhorou muito na sua conduta. “Comecei a rezar muitas orações vocais e a procurar que todas me encomendassem a Deus, para que me desse o estado em que O havia de servir. Mas no entanto, desejava não fosse o de freira. Este, não fosse Deus servido de mo dar, embora também temesse casar-me” (V 3,2)

Terminado o tempo que ali esteve, “já tinha mais afeição a ser freira, embora não naquela casa...” “Esses bons pensamentos de ser freira, vinham-me algumas vezes e logo se afastavam e não podia persuadir-me a sê-lo”.

Saindo do mosteiro e indo para a casa de um tio, este tinha bons livros que ela dedicou-se a ler.
“Oh, valha-me Deus, por que meios me andava Sua Majestade dispondo para o estado em que Se quis servir de mim! Sem o querer, forçou-me a eu me fazer força! Bendito seja para sempre” (V 3,4).

“Ali, na casa de meu tio, fui entendendo a verdade tal como em pequena: que tudo era nada, a vaidade do mundo, como acaba em breve, e a temer, se tivesse morrido, de ter ido para o inferno. E, embora minha vontade não acabava de se inclinar a ser freira, vi, no entanto que era o melhor e mais seguro estado e assim, pouco a pouco determinei-me a forçar-me para o tomar” (V 3, 5)

“Nesta batalha estive 3 meses, forçando-me a mim mesma com esta razão: os trabalhos e pena de ser freira não podiam ser maiores que os do purgatório e eu bem havia merecido o inferno. Não era, pois, muito passar o que ainda vivesse como num purgatório: depois iria direita ao Céu, que era este o meu desejo” (V 3,6)

“Neste movimento de tomar estado, mais me movia – me parece – um temor servil que o amor. Punha-me o demônio que não poderia sofrer os trabalhos da Religião por ser tão amimada. Disto me defendia eu com os trabalhos que passou Cristo: não era muito que eu passasse alguns por Ele. Ele me ajudaria a levá-los...passei grandes tentações nestes dias” )V 3,6).

Finalmente decidiu-se a falar com seu pai sobre seu desejo de ser monja. Seu pai lhe respondeu que só quando ele morresse. Resolveu então fugir de casa e ir para o mosteiro onde estava sua amiga.

Na sua última determinação já estava de modo que iria para qualquer convento onde pensasse servir mais a Deus ....”Recordo-me...que quando sai de casa de meu pai foi tal a aflição que eu não creio será maior quando eu morrer. Parece que cada osso se me apartava de per si, pois como não tinha amor de Deus a contrabalançar o amor de pai e parentes, fazia-me tudo uma força tão grande que, se o Senhor não me ajudar, não teriam bastado as minhas considerações para ir por diante. Aqui deu-me o Senhor ânimo contra mim, de maneira que o pus por obra

.” Recebendo o Hábito, logo o Senhor me deu a entender como favorece aos que se esforçam para O servir. ...Na altura deu-me um tão grande contentamento de ter aquele estado que nunca jamais me faltou até hoje. Deus mudou a aridez da minha alma numa grandíssima ternura. Davam-me deleite todas as coisas da Religião. E verdade é andar algumas vezes varrendo a horas a que antes costumava ocupar em meus regalos e enfeites e, lembrando-me que estava livre daquilo, me dava um novo gozo que me espantava e não podia entender por onde me vinha. (V 4, 1-2).

E segue por aí adiante contando o sua alegria de ter respondido sim ao chamado de Deus.


Uma boa semana a todos.

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