Queridos irmãos e irmãs
“A figura evangélica da “mulher de Samaria” que conversa com
Jesus ao lado do poço de Jacó (Jo 4,5...) é um dos tipos bíblicos prediletos de
Santa Teresa de Jesus. Não só pela condição de “mulher”, e de mulher
“convertida” no encontro com o Senhor, mas pelo sugestivo simbolismo do poço, a
sede e a água. Santa Teresa levava em seu breviário uma estampa com a imagem da
Samaritana e de Jesus em cuja margem inferior ela mesma havia escrito: “Domine
da mihi aquém” (Senhor, dá-me de beber). Essa petição e o simbolismo da
misteriosa sede de Jesus e da água oferecida por Ele, são a base da tipologia
doutrinal da mulher samaritana.
A samaritana entrou na vida e experiência de Santa Teresa
mesma: “Oh, quantas vezes me recordo da água viva de que falou o Senhor à
Samaritana, e assim sou muito afeiçoada àquele evangelho” (Livro da Vida
30,19).
“Lembro-me agora do que muitas vezes tenho pensado daquela
santa Samaritana. Quão ferida ela devia estar dessa seta e quão bem tinha
compreendido em seu coração as palavras do Senhor (Conc. 7,6).
No mundo dos símbolos manejados por Santa Teresa nas suas
obras (sede água, horto, rega...) a Samaritana é o tipo que melhor se encarna.”
A alma das “sextas moradas” já não deseja aplacá-la (a sede) a não ser com a
água de que nosso Senhor falou à Samaritana. E essa ninguém lhe dá” (Moradas
6,11,5): essa água viva lha darão ao entrar na morada seguiinte. Ao orante
contemplativo alenta-o ela recordando-lhe quão próximo está “da fonte de água
viva da qual falou Jesus à Samaritana” (C 19,2). De certo modo, a mulher de
Samaria simboliza, para Santa Teresa a unidade da vida espiritual: nela se
identifica Marta e Maria; ela é o tipo da fecundidade apostólica do
contemplativo, que prorrompe no amor ao próximo (Consc. C7, título).
Já em uma das suas últimas páginas, escrita a meados de
1582, Teresa recorda às leitoras de seus Carmelos que aquelas que não chegaram
a gozar da solidão da clausura, “devem temer não ter encontrado a água viva de
que o Senhor falou à Samaritana e que o seu Esposo delas se ocultou, e com toda
razão...” (F 31,46).
Achamos bem, nesse domingo, cujo evangelho fala deste
episódio do encontro de Jesus com a Samaritana,
partilhar essa página escrita pelo Frei Patricio Sciadini no livro
Dicionário de Santa Teresa de Jesus.
Uma boa semana a todos.
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